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Arrependimento Posterior: Como a reparação do dano pode reduzir sua pena em até dois terços

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No Direito Penal brasileiro, nem sempre o foco é apenas punir. Em alguns casos, a lei prefere valorizar a reparação do dano, permitindo que o réu tenha uma redução significativa na pena. É aqui que entra o Arrependimento Posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal, que pode diminuir a condenação de 1/3 a 2/3 quando o agente repara o prejuízo ou devolve o bem antes que a denúncia seja recebida.

O que diz o artigo 16 do Código Penal

“Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”

A lei é clara: é preciso que o crime seja sem violência ou grave ameaça, que haja reparação integral do dano ou restituição do bem, que isso ocorra antes do recebimento da denúncia e que a iniciativa seja voluntária.


Requisitos para aplicar o Arrependimento Posterior

1. Crime sem violência ou grave ameaça

O benefício é voltado a delitos patrimoniais que não envolvam agressão física ou intimidação grave.
Exemplos: furto, estelionato, apropriação indébita, dano.
Não se aplica: roubo, extorsão, sequestro.

2. Reparação integral ou devolução do bem

A reparação precisa ser total. Se o bem não puder ser devolvido, o valor correspondente deve ser pago integralmente à vítima.
A reparação parcial pode até servir como atenuante, mas não garante a aplicação do artigo 16.

3. Ato voluntário do agente

A iniciativa deve partir do próprio acusado, mesmo que motivada por interesse estratégico ou medo de prisão.
Se a devolução for resultado de ação policial ou apreensão, o requisito não está cumprido.

4. Momento: antes do recebimento da denúncia

O prazo limite é o recebimento da denúncia ou queixa pelo juiz. Isso normalmente ocorre após o inquérito policial.
Depois desse momento, a reparação ainda pode ser considerada atenuante, mas não permitirá a redução obrigatória de até dois terços.


Estratégias práticas para a defesa

Orientar o cliente imediatamente

O advogado deve, já na primeira reunião, verificar se é possível reparar o dano ou devolver o bem. A rapidez é fundamental para aproveitar a janela legal.

Comprovar a reparação

A prova deve ser clara e anexada aos autos:

  • Devolução do bem: termo assinado pela vítima, com descrição do objeto.
  • Pagamento: comprovante de transferência ou PIX para a vítima.

Negociar a maior redução possível

A lei permite redução de 1/3 a 2/3. Para alcançar o máximo, é importante demonstrar:

  • Reparação rápida, ainda na fase policial.
  • Integralidade e espontaneidade.
  • Efeito prático na pacificação do conflito com a vítima.

Benefícios para réu e vítima

O instituto é vantajoso porque:

  • A vítima recupera o bem ou o valor.
  • O réu demonstra colaboração e pode reduzir significativamente a pena.
  • A Justiça privilegia a restauração do dano social.

Conclusão

O Arrependimento Posterior é uma das ferramentas mais inteligentes do Direito Penal, pois incentiva a reparação e a pacificação social. Para o acusado, é uma oportunidade de transformar um cenário de condenação em algo mais brando. Para a vítima, é a chance de ter o prejuízo sanado rapidamente.

Se você responde por um crime patrimonial sem violência, não perca a janela para agir. A atuação rápida e estratégica, com orientação de um advogado criminalista, pode ser determinante para aplicar o artigo 16 e garantir a maior redução de pena possível.

Odilon de Oliveira Júnior é advogado.

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